Toda maneira de amor vale
a pena– Eros, Philos e Ágape
Antes de ser uma
virtude, o amor é a evidência de que
somos seres solitários e de que precisamos sempre buscar algo além de
que somos. É quando aprendemos a rir de nós mesmos e de nossos sonhos demasiado
altos que o amor deixa de ser um impulso e começa a se tornar uma forma de
sabedoria. José Francisco Botelho
Botelho no seu texto que fala
sobre amor, coloca que nas retóricas dos filósofos Platão, Sócrates e
Aristófanes, “Eros, a personificação do amor, constantemente ilude Logos, o
espírito da inteligência humana” (2014, p.22). A morte (Tânatos), o tempo e o
amor (Eros), são temas difíceis de abordar sem “gaguejar”, pois são “vastos,
complexos e onipresentes” (2014, p.22).
Eros, o amor romântico,
apaixonado, é ele que muitas vezes nos move em direção à concretização de
objetivos, sonhos a realizar! É um sentimento “ao mesmo tempo brutal e sublime”
(2014, p.22). Botelho afirma que “Eros é um instinto básico, (...); talvez seja
a única cura para a ferida original da humanidade, mas é também a evidência permanente de nossa imperfeição e
de nossa insuficiência. E, embora muitas vezes louco, é também um caminho para
a prudência” (2014, p.22) e para o autoconhecimento, pois como afirma Platão,
Eros também propicia o conhecimento da
beleza da alma e contribui para a compreensão da verdade espiritual. Talvez
esteja aqui a resposta ao enigma em relação a natureza ambígua do amor Eros – louco
e prudente – uma vez que a impetuosidade do amor também leva à reflexões sobre a
existência humana.
Como seres incompletos,
faltantes, vamos em busca das paixões.Muitas vezes a paixão está ligada a posse da
criatura amada e ao conquistar essa paixão possessiva, diminui a curiosidade em
relação a este objeto e vai-se em busca de nova paixão, um novo objeto de
desejo e uma nova angústia. São as paixões efêmeras, básicas, primitivas que
sempre lançam o ser humano em direção ao novo toda vez que alcançam seu intento de conquista. É
o sentimento fugaz, doído, sofrido. “A paixão – às vezes incômoda, às vezes
deliciosa, às vezes cega, às vezes translúcida – é um daqueles fatos da vida”
(2014, p.23). E seguindo o sentimento de incompletude das metades que procuram
seu par, Eros deseja transformar dois seres em um.
O amor Philos é um tipo de amor
global, amor entre a família, entre amigos, um desejo por uma atividade ou o
desejo dos amantes. Para Botelho o amor Philia remete ao bom humor. “O amor se
torna sábio quando aprende a rir diante de seus sonhos demasiado altos, de suas
confusões e até de seus sucessos. E os amantes (...) sabem que o maior dos
amores sempre tem algo de comédia”
(Lewis, citado por Botelho, 2014, p.23). Nessa forma de olhar o amor,
não há a busca da completude de dois seres que intentam se fundir, mas a convivência prazerosa com a diversidade,
com a diferença, o compartilhar, a troca de ideias, partilhar alegrias e
tristezas. Segundo Botelho, Philia “não é apenas o afeto tranquilo entre dois
amigos; é também o amor dos amantes que se conhecem , que se saciam, que riem
de suas próprias loucuras e que partilham, além do prazer, a memória. Não é a
negação total do egoísmo, mas uma espécie de egoísmo sadio, maduro” (2014,
p.24). Nessa concepção há o encontro amoroso de dois seres que dividem suas
incompletudes e necessidades, procurando aprender e crescer um com o outro.
Há ainda o amor denominado como
amor ao mundo – ágape – também significando benevolência ou sentimento de
humanidade. É o amor que permanece confiante em meio a toda dificuldade,
angústias e fragilidades. É o amor prudente, paciente, gentil. Não é ciumento
nem invejoso. Ele sempre confia, ele sempre persiste jamais acabará, (BOTELHO,
2014). É o sentimento que move a humanidade, que é expresso nas ações mais
altruístas e faz com que o mundo se sinta interligado, conectado em algo maior, num movimento de empatia.
Atualmente percebe-se que a
amizade é uma modalidade de relacionamento extremamente saudável e menos revestida dos apegos das relações amorosas tradicionais e “o
prazer da companhia é tão importante quanto o que existe nas relações chamadas
amorosas” (GIKOVATE, 2014). Este psiquiatra afirma que há mais respeito e menos
dependência entre amigos. O sentimento de confiança e a cumplicidade podem ser
maiores do que nas relações amorosas construídas sob os parâmetros convencionais,
tradicionais. Gikovate (2014) salienta que “a amizade é um tipo de aliança
muito mais sofisticada porque não busca a fusão e sim a aproximação de duas
criaturas que tenham importantes afinidades e interesses em comum”. É a
intenção de um amor adulto, autêntico.
O amor é dinâmico,
renovador e nos convida sempre para o autoconhecimento! Assim, toda maneira de amor vale a pena!
Fonte: toda
maneira de amor vale a pena!
http://flaviogikovate.com.br/amizade-e-mais-do-que-amor/
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