Continuando a Vida - Como se Reposicionar Emocionalmente em relação a Pessoa que Morreu
IV TAREFA DO LUTO
"Ninguém esquece as lembranças de uma relação significativa"
"A disposição da pessoa que ficou viva para entrar em novos
relacionamentos depende não de "desistir" do cônjuge falecido, mas de
encontrar um lugar adequado para o cônjuge na sua vida psicológica - um local
que é importante, mas que deixa espaço para outros" (Shuchter &
Zisook, 1986, p. 117). A quarta tarefa do luto está diretamente ligada ao
apego. Quando a pessoa enlutada permite que certos comportamentos e falas
relacionadas à pessoa falecida, já não têm a mesma necessidade emocional e a
representação da pessoa querida que morreu está presente em sua vida de maneira
serena e tranquila, sem as angústias maiores do período mais intenso do luto,
podemos dizer que a pessoa enlutada encontrou um lugar para quem partiu. Agora
ela tem condições de se reposicionar emocionalmente em relação a quem morreu.
Pais enlutados, muitas vezes, têm dificuldade
em relocalizar emocionalmente o filho ou a filha que morreu. A tarefa para pais
enlutados é continuar a estar em contato com os pensamentos e as lembranças do
filho ou filha, porém fazendo isso de forma que permita a eles continuar suas
vidas depois dessa perda.
Eis o relato de uma mãe: "Apenas
recentemente comecei a observar coisas na vida que ainda estão acessíveis a
mim. Você sabe, coisas que me deem prazer. Eu sei que eu vou continuar meu luto
por Robbie pelo resto da minha vida e que vou manter sua memória viva. Mas a
vida continua, e quer queira, quer não, eu sou parte dela" (Alexy, 1982,
p.503).
O melhor movimento para representar a
dificuldade para realizar esta tarefa é não
amar. Algumas pessoas acham a
perda tão dolorosa que fazem um pacto com elas mesmas de nunca mais amar
alguém. O apego à perda e tudo que suscitou, impede que a pessoa avance o
processo de luto e mais tarde percebe que sua vida, de alguma forma, parou no
momento em que a perda ocorreu. Abrir espaço para a vida e para amar outras
pessoas e a si mesmo não significa que você deixou de amar a pessoa que morreu,
mas que encontrou um lugar emocional para ela. Essa linda e árdua tarefa também
exige a elaboração e investigação do grau de autoestima por parte da pessoa
enlutada. O exercício do autoconhecimento, não duvidar da capacidade de superação, de
ressignificação da dor e da perda, respeitar a si e este momento frágil em sua
vida, são elementos essenciais ligados à autoestima e que auxiliam no enfrentamento deste período delicado.
Ao encontrarmos um lugar aconchegante, agradável e saudável para esse ser
querido, nos libertamos do apego excessivo e nos autorizamos continuar a caminhada.
Referência; Introdução ao Estudo do Luto