ESTAMOS SÓS OU ISOLADOS? (Continuação)
No texto anterior foram elencados alguns recursos para superar a solidão neste momento "singular" que vivemos devido a pandemia desencadeada pelo novo corona vírus e que muitos consideram que já foi superada (será?). Trago novamente estes três recursos apontados por Rúdio (1991):
- Aproveitamento útil do tempo ocioso;
- Ter ou descobrir um trabalho, um projeto, ou um ideal;
- Buscar o encontro com outras pessoas.
O aproveitamento útil do tempo ocioso implica a pessoa
se dedicar a uma tarefa, um projeto que tenha sentido para ela, que traga
alegria e satisfação e não seja um meio para fuga da solidão.
Sendo o homem livre para posicionar-se diante das contingências da vida, e a solidão é uma delas; com a atitude de manter o autodistanciamento (Frankl, 2015), como a palavra já diz, é o movimento onde a pessoa escolhe distanciar-se de si mesma, das suas questões pessoais ou situações difíceis para dedicar-se a uma tarefa que beneficiará aos outros, ela certamente trilhará o caminho para dar sentido a este momento da vida e perceber com mais clareza os seus processos pessoais. Como coloca o filósofo Kierkegaard "a porta da felicidade se abre para fora".
Ter ou descobrir um trabalho, um
projeto, ou um ideal são caminhos preciosos para dar sentido à vida e
superar a solidão, aproximando-se da visão de homem como ser
integral, constituído de dimensão biológico, psicológica e de uma
dimensão espiritual, que abarca o que há de realmente humano no homem e
que o impele a buscar a autotranscendência (Frankl, 2015), quando a pessoa aponta o sentido da sua vida para algo ou para alguém além dela mesma, que pode ser um serviço a uma
causa ou o amor dedicado a uma pessoa, conseguindo assim realizar a si mesma e
vencer a solidão.
Buscar o encontro com outras pessoas. Esse encontro se dá no nível em que o outro seja capaz de acolher e de entender o que está acontecendo com a pessoa que o procura. Como bem coloca Rúdio (1991), para que haja esse encontro é necessário que não nos coloquemos numa ilha de isolamento, ou seja, que busquemos a autenticidade nas relações e no aperfeiçoamento pessoal, resultando numa autoestima elevada, tornando-se “fonte generosa do sentimento de autorrealização e de produtividade para o mundo” (p.17).