quinta-feira, 27 de março de 2014


Perdas e Tragédias: a vida sempre nos convida a superação!

 
 
 
 
 
 
 
No luto, é o mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio ego que se torna vazio
 
 

 
 A vida de quem passou por uma tragédia, principalmente na perda por morte, faz com que num primeiro momento  a pessoa se depare com a realidade irreversível de não ter mais a pessoa amada no seu convívio diário, causando dor intensa, pedindo amparo, acolhimento e dedicação dos que fazem parte da sua rede social, para que possa dar conta dessa intensa mudança. A dor de não mais ter aquele ser que talvez desse um sentido para a existência, fazendo parte do projeto de vida da pessoa em luto, bem como a perda  da figura simbólica paterna, ou a perda do afago maternal que nos embala até a vida adulta, também podem ser denominadas de perdas significativas e trágicas, pois nos convidam a dar outra cor para a nossa vida e pedem que nos apropriemos da realidade da ausência. Freud (1917) diz que um tanto de introspecção e melancolia nos ajuda com o processo de aceitação da realidade e vivência do luto. Assim, no luto é o mundo que se torna pobre e vazio, pedindo esse tempo necessário para que possamos entender e aceitar o fato acontecido e continuar caminhando. Fatores bioquímicos, genéticos e comportamentais agem para restabelecer o indivíduo, após o choque da má notícia, restaurar seu equilíbrio emocional, físico e espiritual. Dentro desse contexto de dar um outro significado à pessoa que morreu é importante falar da capacidade de resiliência do ser humano diante de fatos severos e imensamente dolorosos. Resiliência, se comparado ao aço que se deforma sob forte pressão e depois retorna ao estado inicial, significa "a capacidade de, após um forte golpe emocional, a pessoa retomar a própria vida, sem grandes alterações, dentro de um breve período" (STIX, 2013). Sabe-se que o processo de luto é subjetivo, que temos toda uma história de vida que não pode ser dissociada da dor da perda, mas é importante também saber que o ser humano tem a capacidade de retomar sua vida, de dar um lugar à perda no que se refere as emoções e sentimentos. Para isso é necessário aprendermos a redesenhar a vida, confiar na nossa capacidade de resiliência e ter em mente que nada na natureza se perde, tudo se transforma e saber que caminhar é necessário e a superação é um elemento essencial da vida.
 
FREUD, S. Luto e melancolia, 1917.
STIX, G. A neurociência da superação, in: Revista Mentecérebro, setembro, 2013.
 

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